terça-feira, 28 de maio de 2013

A história do Crochê

A história do crochê



Difícil estabelecer uma cronologia para o ‘advento’ do crochê. O nome desta arte  é derivada da palavra francesa “crochet”, e  significa gancho.

Se compararmos as informações que temos sobre o tricô com o crochê, podemos dizer que o  crochê é ‘muito mais jovem’ pois não existem relatos desta arte antes da era cristã.
Alguns acreditam que o crochê se originou na Arábia e se espalhou  para o leste chegando até o Tibete, seguindo também para o oeste em direção à Espanha,  por conta das rotas comerciais dos países árabes rumo aos países do Mediterrâneo.
Há também a teoria de que teria se originado na América do Sul onde uma tribo primitiva usava adornos de crochê em rituais de passagem para puberdade.
A China também aparece como um dos prováveis locais de ‘origem’  do crochê já que foram descobertas em sítios arquelógicos  bonecas tecidas de maneira muito parecidas com o crochê que conhecemos hoje.
Enfim, não há nenhuma evidência concreta da origem ou  idade desta arte.
Segundo uma especialista em crochê, a norte americana  Annie Potter,  o crochê como conhecemos hoje é uma variação de um tipo de ‘bordado ou renda’  chamado Tambour (renda feita por uma rede fina (tipo tule)  esticada  num bastidor e preenchida formando desenhos,  usando o ponto de cadeia e um gancho puxa-se o fio através da trama). Durante o século 16 este tipo de trabalho começou a ser difundido na França  por freiras que eram professoras de artes, e que ensinam a fazer esta renda delicada.
Exemplo de Renda tipo Tambour de Lier na Bélgica
Durante o Renascimento, o crochê foi considerado  um passatempo das classes sociais abastadas. Mulheres se reuniam  para crochetar peças luxuosas que imitavam renda Tambour para serem usadas como adornos de roupas ou na decoração.
Aos pobres restava fazer tricô como forma de gerar renda ou para seu próprio consumo ( no caso da confecção de meias).
Pouco sabemos sobre a evolução do crochê até os idos de 1800.
A mais antiga referência escrita sobre o crochê parece ser uma menção a algo chamado de “pastor tricotando” em ‘The Memoirs of a Lady Highland‘ escrito por Elizabeth Grant em 1812.
As primeiras receitas ou representações gráficas publicadas datam de 1824 e aparecem numa revista holandesa chamada  Penelope.
Em 1842  Eleanor Riego de la Branchardiere  começou a publicar na Inglaterra receitas e gráficos complexos para crochê que se assemelhavam à renda de bilro e a outras rendas com agulhas.
A origem do Crochê Irlandes.
Durante a Grande Fome Irlandesa que dizimou a população entre 1845-1849, as freiras Ursulinas começaram a ensinar  mulheres e crianças como fazer renda, com delicadíssimos fios de linho e algodão, como forma de geração de renda e minimizar  o sofrimento da fome. Os trabalhos primorosos e de grande valor artísitico eram vendidos parta o continente europeu e para a América.
Nasceu daí um estilo primoroso do crochê conhecido hoje como crochê irlandês ou renda irlandesa.
Trabalho em renda irlandesa do século 19
A indústria artesanal em todo o mundo começou a se desenvolver em torno do crochê, especialmente na Irlanda e na França porque rendas como a irlandesa e a renda de bilro eram para uns poucos abastados e consequentemente inacessíveis às classes menos favorecidas. A partir da vontade de se usar ‘o que os ricos usavam’ começa-se a ‘copiar’ no crochê aquilo que aparecia nas receitas elaboradas de ‘rendas de luxo’.
O reconhecimento do crochê como manifestação artística
Depois que a rainha Vitória aprendeu a fazer crochê, parte do estigma de que ‘crochê era coisa para pobre’ acabou e o crochê evoluiu como uma forma de expressão artística.
Com o final da ‘era vitoriana’ em 1890 as rendas de crochê tornam-se ainda mais elaboradas. As cores fortes desapareceram dando lugar aos tons claros e brancos.
O  Século 20
Após a Primeira Guerra Mundial, houve um declínio na publicação de receitas e na sua maioria elas eram bem mais simples do que aquelas publicadas no início do século. Após a Segunda Guerra Mundial, a partir do final dos anos 40 até início dos anos 60, houve um ressurgimento do interesse em artesanato principalmente nos Estados Unidos, onde aconteceu uma verdadeira ‘revolução’ nas receitas. Surgem receitas com projetos de toalhas coloridas, pegadores de panela, mantas e outros acessórios para casa. Começa-se a usar fios mais grossos e consequentemente as agulhas também evoluem.
Capa de uma publicação da década de 50

A partir da década de 70 a ‘nova’ geração redescobriu uma série de motivos de crochê tais como os quadradinhos’ que viraram febre junto ao ‘geração’ paz e amor.
Revista de crochê da década de 70
1980 a 1990
Assim como para o tricô, o crochê não teve vez durante os anos 80 a 90.  Podemos até falar que esta  foi a década ‘pobre’ para as artes manuais e domésticas, porque afinal ‘a mulher emancipada trabalhava fora e não tinha tempo para banalidades ou manualidades.’

2000 – 2010 
A primeira década deste século trouxe um ressurgimento do crochê na moda, como visto muitas vezes nas passarelas. Ao longo de uma década sempre nos deparamos com peças artesanais nos desfiles mais concorridos.

Ora aparecem versões Hippie-chic, ora peças inteiras de patchwork em crochê. Tecidos ornamentados por flores , rendas delicadas com fios luxuosos.
Modelo Hippie-Chic
Grandes estilistas como Dior apresentaram modelos em crochê nas últimas coleções

Desfile Dior para a primavera 2011.
Enfim, assim como o tricô, o crochê também tem os seus altos e baixos, mas tudo indica que vai permanecer em alta por muito tempo.
Não falamos aqui de outros tipos de crochê como o crochê tunisiano ou crochê de grampo mas não faltarão oportunidades.
Boas escolhas do crochê by Eliane Vasconcelos, uma produção de Halleyturismo.


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